quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Foi assim...

Tudo na vida tem início, tem fim.
Na canaricultura iniciei em 1992. Mais precisamente em julho de 1992.
Minha família decidiu deixar as limitações do apartamento e morar numa casa com mais espaço a explorar e viver.
Como estudava o curso de agropecuária decidi por assinar a Revista Globo Rural. Uma das principais reportagens da revista de Maio/1992 falava sobre a criação de canários.
O entrevistado era o Sr. Giordano Penteado, até hoje envolvido no hobby. Giordano exibiu uma foto de alguns canários em um voadeira comendo maçã. Perdi a conta de quantas vezes fiquei admirando aquela foto e lendo detalhadamente a reportagem.
Uma velha vizinha, ainda no apartamento que morava, tinha um canário amarelo pintado de nome (lindinho). Eu não gostava do (lindinho). Não me perguntem o por quê, mas eu não gostava...
Passando a morar em uma casa e com espaço, surgiam mil idéias de bichos. Fui juntando gato, cachorro. Faltava um canarinho. Apenas um me bastava. Fui à compra.
Lembro como se fosse hoje.
Cheguei a loja do Sr. Fabião na Rua Tiradentes aqui no centro de Pelotas. Uma lojinha muito chinfrim, apertada. O Sr. Fabião era um senhor muito reservado. Quase tive que insistir pra comprar o canário. Ele não me deu uma dica sequer. Comprei a gaiola (usada) e um canarinho amarelo. Mas eu queria um cenoura, igual ao da revista.
Na busca do tal cenoura, Sr. Fabião sugeriu que eu comprasse uma fêmea, pois a época de reprodução se aproximava. Comprei uma fêmea. Mas ainda não era da cor cenourinha. Vagamente recordo da cor. Algo entre o cobre e o canela. Mas, sem anilha. Provavelmente, descarte de algum criador. Mas isso, à época, eu nem imaginava...
Descortinando curiosamente o universo da criação com meu primeiro casalzinho de canários, obtive 6 filhotes. Todos pintados. Muito bonitos.
Conheci uma outra casa avícola. A Avícola Pantanal de propriedade do Sr. João Pereira, o “João da Pantanal“. À ele devo muita consideração. Mesmo com foco comercial, pediu pra conhecer o meu casalzinho e os filhotinhos que havia multiplicado. Ele me indicou o Sr. Juvenal Martins, que era e ainda hoje é o presidente da SCCP (Sociedade Criadores de Canários de Pelotas). Fui até a loja do Sr. Juvenal. Ele me convidou pra conhecer a sua criação. Era um velho canaril de madeira, mas havia lindos canários. Eu nunca tinha visto tantos juntos num só lugar.
Resolvi me tornar sócio da SCCP. Meu número seria o 47.
O João ficou com o meu casal e com todos os filhotes. Em troca, escolhi uma fêmea branca recessiva e uma fêmea lutino nevada. Escolhi porque eram bonitinhas. Eu não tinha conhecimento. As duas anilhadas e já velhinhas.
Assim, conhecendo outros criadores, aos poucos, fui adquirindo canários até formar três casais.
Fui buscar o criador das canárias que tinha trocado com o João. O criador era o conhecido velho Hugo. Tê-lo conhecido foi uma das melhores coisas na canaricultura. Impossível descrever a emoção de entrar em seu Canaril Aquarela. Algo como entrar na Disney, tamanho era o meu encantamento.
Foi uma fase muito importante da minha vida. O seu Hugo já se foi, mas guardo essas lembranças queridas.
Sucederam-se várias visitas a outros criadores. O pessoal daquela época era muito acolhedor. Importante destacar o convívio com o Sr. Ary Garcia, Walter Marlow, Francisco Barcellos, entre outros.
Participei da primeira exposição em 1993 apenas ajudando na exposição. Em 1994, expus apenas três filhotes. Aliás, sempre tive uma pequena criação. Participei de exposições até 1998. com a faculdade, o tempo ficou menor e decidi não mais expor. Fiquei com canários, mas com a pretensão exclusiva de criar despretensiosamente. Em 2001, já formado fui viver profissionalmente. Sai de Pelotas. Muitas andanças. Muita fantasia. Em 2007, decidi voltar a Pelotas. Havia necessidade disso. No meu retorno, de imediato, decidi voltar a criar novamente.
O recomeço está sendo interessante.
Pude ver como tudo mudou. Desde o padrão das cores e raças até a alimentação e manejo.
Interessante observar aqui na cidade a evolução dos criadores. O que antes foram criações mais caseiras, hoje estão mais competitivas e com grandes perspectivas.
Hoje o pessoal fala em Campeonato Brasileiro. Antes o xodó era o estadual.
A canaricultura se tornou um hobby muito caro e muito competitivo. É necessário investir muito pesado em conhecimento e canário. Essa parece ser a combinação para se obter o tão sonhado campeão.
Essa é um pouquinho da minha história com os canários. Espero conhecer a sua.

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